quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

As Aventuras de Pi (Crítica)



O filme 'As Aventuras de Pi' de Ang Lee, que originalmente chama-se "A Vida de Pi" (Life of Pi), o qual apesar do nome equivocado que usaram aqui no Brasil, não é uma aventura; trata-se de um ótimo roteiro dramático, com uma dose do mais puro estilo indiano de fazer cinema.

O povo na Índia tem um talento de contar história, sempre de um ponto de vista fantástico, muito característico de sua cultura e o filme destaca bem isso em cada cena. Baseada no best-seller 'A Vida de Pi' do escritor Yann Martel, o filme é um relato do indiano Pi, sobre sua vida e um trágico acontecimento, que mudou para sempre a visão dele de mundo.


Um filme em 3D que passa longe dos roteiros produzidos com tal tecnologia. A história faz pensar, questionar filosofias e rever ideias que compramos dos outros, sem ponderar a respeito. Um roteiro que proporcionou um belíssimo trabalho de filmagem da direção e também um desafio, que foi sob medida para Ang Lee. Afinal todo mundo que trabalha em cinema evita filmar com crianças, animais ou em set com água, enquanto o diretor trabalhou com as três situações em um único filme.

Ang Lee faz um ótimo trabalho de direção, alternando imagens de beleza divina a cenas brutais, algumas até bem chocantes. Um relato sobre a vida de alguém que teve tudo, perdeu tudo e ainda assim não desistiu da vida. Inspirador e questionador, é um ótimo filme para esse fim de ano. Lembrando que o diretor é premiado com dois Oscar, um por melhor filme estrangeiro com 'O Tigre e o Dragão' e outro como melhor diretor por 'O segredo de Brokeback Mountain'.


Infelizmente tenho que advertir que, assim como outros filmes que chegam ao Brasil, esse também tem um título inadequado, o qual pode criar uma impressão errada do conteúdo.

Antes de mais nada, é importante avisar aos pais, que não é uma "aventura fantástica de sessão da tarde", com um garoto e um bichinho fofo. Trata-se de um drama muito intenso e complexo, que provavelmente irá entendiar os pequenos. Ter um roteiro muito elaborado e repleto de nuances filosóficas, que crianças terão dificuldade de entender. Além de ter cenas que são bem chocantes para o mais sensíveis. Isso porque no decorrer do filme há cenas um tanto fortes, na minha opinião, que mostram o instinto animal de sobrevivência em sua forma mais natural, como se alimentar do mais fraco, e talvez muitos pais não vão gostar de expor os filhos a tais imagens. Verdade que foram muito bem feitas e não há nada assim tão explícito, mas ainda assim chocam até os adultos que não estão acostumado a ver filmes do tipo.


No entanto, para quem curte um bom drama, o filme é fantástico em todos os sentidos, pois além do roteiro bem elaborado e das incríveis imagens, tem uma trilha sonora muito boa, que ajuda em muitas cenas a acentuar o drama.

O ator Suraj Sharma, que foi escolhido para viver Pi durante o tempo que teve que viver no mar e lutar a cada dia pela vida, após o trágico naufrágio (há Pi de várias idades no filme), trabalha muito bem. Talentoso, arranca lágrimas em dados momentos e sorrisos em outros. E eu, particularmente, espero vê-lo em futuras produções.

O filme estreou no Brasil no dia 21 de dezembro (de 2012) e é a pedida para adultos, e também jovens adultos, que gostam de um bom drama.

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